Os filósofos nas ruas


Por vezes me pergunto: qual é o verdadeiro papel do filósofo? Poderíamos ficar por horas expondo pensamentos de diversos filósofos, os quais justificariam e atestariam meu ponto de vista, mas a questão é: será possível com o que temos em conhecimento propor um “novo” ponto de vista? É claro que não será possível que esse ponto de vista seja isento de preconceitos, ao qual nos sirva de paradigma, onde entendemos que os filósofos se utilizam desse princípio para construir sua imagem como filósofo.
Percebo que, pelo menos nos dias de hoje, os filósofos seguem um paradigma, um modo de “fazer” filosofia, e esse paradigma nos leva a perguntar se realmente o filósofo está “preocupado” com o mundo, ou será somente uma maneira de se expor ao mundo, procurando acalmar sua ignorância e o seu desejo de estancar todo o orgulho que tenta lhe expor como pessoas? Será que realmente o filósofo acredita que seu conhecimento é absoluto, que os ignorantes o admiram por conhecer diversas palavras que não usamos no cotidiano e, que por vezes se conhece sua etimologia? Devemos realmente nos orgulhar em acreditar que somos diferentes por imaginar ter o conhecimento das “coisas”? Não será ignorância dos filósofos acreditarem que podem conhecer o mundo melhor do que qualquer outra pessoa? São perguntas que nos fazem refletir sobre nosso papel enquanto “intelectuais”. Se o papel do filósofo é escrever diversos livros expondo seu ponto de vista em relação ao mundo, na tentativa em afirmar que todos devam pensar igualmente a ele, então me considero um não filósofo, pois, não me vejo como escritor, mas sim, como uma pessoa que conseguiu deixar de lado o conforto para lutar pelo entendimento e conhecimento das coisas, se alcançarei esse conhecimento não sei, mas a verdade é que aprendi a buscá-lo com o desejo de saciar minha ignorância. A necessidade de criar nos outros o prazer em questionar-se ao ponto de não ter mais certeza das coisas, fazer com que as pessoas se tornem mais humildes e descubram que o que conhecemos não é o “todo”, que o que conhecemos é somente o necessário. Uma coisa que aprendi, foi que uma frase pode dizer muito mais do que um livro de mil páginas, o exemplo disso é a famosa frase que Sócrates sempre dizia: conhece-te a ti mesmo, essa famosa frase me provoca, a cada palavra pronunciada, a me perguntar sempre pela sua verdadeira significação e sentido, pois, ainda acredito que o homem somente é racional por causa da linguagem, é ela que nos proporciona o questionamento. Bem, o que aprendi e construo em mim, é o desejo de que todos fragmentem suas verdades.
Convido todos os filósofos a saírem de suas tocas, deixem de colocar seus questionamentos em papéis, onde somente alguns irão ler, sairemos ao mundo mostrando às pessoas que existe algo mais do que se sabe, deixemos de dizer no que acreditamos e passemos a perguntar no que os outros acreditam, vamos nos utilizar da maiêutica e fazer com que as pessoas descubram que existem muitas dúvidas a serem respondidas, e que não deixemos nunca de ser críticos. Mostremos que aprendemos algo com o pai da filosofia.